SEMEN-TE
por Maria José Justino
Cheung é uma artista que aceita o desafio da matéria. Explorando a cerâmica, seu ponto de partida, faz a argila espargir-se em outros territórios, atingindo a riqueza da escultura expandida (Krauss). Cria uma dialética entre fazer e reflexão, nos vestígios da matéria. Partindo da corporeidade do mundo, seduzida pela relação masculino/feminino, vai estruturando intervalos matérios-espiritual, tecendo formas de uma elegância sublime, fina, leve, mas ao mesmo tempo pertubadoras. Essa sutileza não impede uma força descomunal em seus trabalhos, traduzida em universos violentos : da mulher chinesa como inspiração à mulher de todas as culturas. Dos sacrfícios da dor, da mulher lapidada po milhenios de tradição, Cheung cruza a arte com cultura zen, resultando em uma obra inquiridora e profunda.
Da extraordinária instalação Nui ( Mulher 2002 ), em que os contrários dialogavam, da remissão do feminino à remissão cultural, Cheung expande se em outros suportes. O elemento básico desta nova instalação – Sêmen-Te – é a intimidade, o recolhimento, o corpo. Diálogo entre opostos : matéria e conceito. Com os objetos fabricado ( camas, saleiros, saboneteiras, chinelos, pratos, lampâdas ) acrescidos à matéria orgânica ( barros, pó de cerâmica, serragem ), a artista contrõi duas magníficas imagens : o útero (redondos de cerâmica ) e o sêmen (polén ou pó de cerâmica ).
Desse barro e polém brotam a humanidade-humos-argila. Opostos que guardam suas identidades; espaços diferentes que podem coexistir em função do dentro e do fora, provocando um devir, uma nova realidade, outra vida. O redondo do utero, noz ou ninho joão-de-barro, guarda vazios para receber e fecundar a sêmen-te.
by Maria José Justino
Cheung is an artist who accepts the challenge of matter. Exploring the ceramic, its starting point, causes the clay to spread in other territories, reaching the richness of expanded sculpture (Krauss). It creates a dialectic between doing and reflection, in the vestiges of matter. Starting from the corporeity of the world, seduced by the masculine / feminine relationship, it structures spiritual-spiritual intervals, weaving forms of sublime elegance, thin, light but at the same time disturbing. This subtlety does not prevent an overwhelming force in her work, translated into violent universes: of the Chinese woman as inspiration to the woman of all cultures. From the sacrifices of pain, from the woman lapidated by millennia of tradition, Cheung crosses art with Zen culture, resulting in an inquiring and profound work.
From the extraordinary installation Nui (Woman 2002), in which the opposites dialogue, from the remission of the feminine to the cultural remission, Cheung expands on other supports. The basic element of this new installation - Semen-Te - is intimacy, recollection, body. Dialogue between opposites: matter and concept. With the objects manufactured (beds, salt shakers, soap dishes, slippers, dishes, lamps) added to organic matter (mud, ceramic powder, sawdust), the artist contrasts two magnificent images: the uterus (round ceramics) and semen Or ceramic powder).
From this clay and pollen sprout humanity-humus-clay. Opposites that guard their identities; different spaces that can coexist in function of the inside and the outside, provoking a becoming, a new reality, another life. The round of the uterus, walnut or Rufous Hornero´s nest , keeps empty to receive and fecundate the semen te.